O Ramadão, também chamado de quarto pilar do Islão, foi estabelecido em 638 d.C. como sendo o nono mês do ano. Inicia-se, dependendo do local, entre os dias 23 e 25 de Setembro, durando até 22 ou 23 de Outubro. É considerado o mais venerado, abençoado, e espiritualmente benéfico mês do calendário islâmico.
Durante todo o mês, e de acordo com as palavras de Deus, todo o adepto do Islão adulto e capaz deverá observar um rigoroso jejum durante o dia, a iniciar com o avistamento da lua nova (para atingir um estado de consciência mais próximo do Divino), mas também são igualmente importantes a caridade, as orações, e a meditação. Desde a alvorada até ao anoitecer, são proibidas a bebida, comida, tabaco, e relações sexuais, mas também é incentivada a obediência aos preceitos da fé islâmica, através da contenção da ira, inveja, ganância, luxúria, respostas sarcásticas, traição e boatos. Deve ser evitado tudo o que possa representar obscenidade ou heresia, mantendo a pureza dos pensamentos e acções.
A história “Ramadan” de Neil Gaiman foi publicada pela primeira vez em Junho de 1993, e imediatamente alcançou um tremendo sucesso entre crítica e leitores, tendo vendido mais de 250.000 cópias, um feito inédito para a série “Sandman” até à data. Ainda hoje é considerada como a favorita por muitos fãs. A história, soberbamente ilustrada pela pena elegante de P. Craig Russell, é contada numa perfeita tradição árabe, e gira à volta do dilema de um califa de Bagdad que acredita-se realmente ter existido: Haroun Al-Raschid.
Desde que comecei os posts “O porquê das coisas” que tive intenção de colocar uma adaptação escrita de uma história do Sandman, mas foi difícil seleccionar aquela que melhor se encaixaria na transposição de um media que mistura texto e arte na narração de uma história, para outro que apenas envolve texto e a imaginação do leitor. A história “Ramadan” é uma das minhas favoritas (embora o “Dream of a Thousand Cats” seja aquela que mais acarinho), e tem a particularidade de ter nascido como um conto.
Para melhor alcançar o estilo arábico de contar histórias, na tradição da “Mil e Uma Noites”, Neil Gaiman optou, em “Ramadan”, por começar o argumento em texto corrido na forma de um conto, planeando posteriormente dividi-lo em painéis, páginas, e balões de diálogo. Felizmente, num daqueles acasos do destino, algum tempo mais tarde telefonou ao artista que iria ilustrar a história para lhe dar os contornos gerais do trabalho. P. Craig Russell pediu para ver o que ele tinha escrito até à data, ao que Neil Gaiman acedeu (dizem que é uma pessoa extraordinariamente gentil), e imediatamente após ler o texto implorou-lhe que não alterasse nada, deixando-o ilustrar a história à sua vontade.
O resultado é uma poderosa combinação de texto visualmente poético, com uma sublime interpretação artística a nível dos desenhos e cores, e a maneira como a história foi construída facilita bastante a adaptação para o formato de conto. Aliás, trata-se mais de uma tradução literal do que propriamente uma adaptação, uma vez que só deixei que a minha fraca veia literária interviesse quando era necessário descrever alguns painéis que na BD falam por si, sem necessidade de palavras. Pelo que a história que publicarei a partir de amanhã é uma tradução levemente adaptada de uma história da autoria de Neil Gaiman, e quando o texto vos parecer mais fraquinho será decerto nas partes onde a minha pena deixou a sua marca.
A tradução foi mais demorada do que previa, e ao mesmo tempo a minha vida entrou numa espiral de stress, pelo que o blog esteve uns tempos semi-abandonado, mas tudo isto terminou, e podem contar com textos meus em breve. Uma vez que o texto completo de “Ramadan” tem mais de 18 páginas, optei por dividi-lo em partes, que publicarei ao longo desta semana. Desta forma não canso os meus pacientes leitores e leitoras. Se porventura houver alguém mais curioso e que prefira ler tudo de uma vez, vou colocar online um ficheiro PDF com o texto completo e algumas ilustrações de P. Craig Russell, para que possam apreciar a beleza do traço deste senhor.
Para terminar, volto a referir que a história que se segue não é da minha autoria, mas sim de Neil Gaiman, reservando-se todos os direitos de autor. Se a empresa detentora dos direitos de publicação do “Sandman” (em Portugal julgo ser a Devir) não pretender ver este texto publicado, basta entrar em contacto comigo através do mail do Blog, e imediatamente retirarei os posts. Se quiserem ler o original, basta efectuarem a compra aqui.
E agora, sem mais delongas, apresento-vos “Ramadan”. Espero que gostem.
Durante todo o mês, e de acordo com as palavras de Deus, todo o adepto do Islão adulto e capaz deverá observar um rigoroso jejum durante o dia, a iniciar com o avistamento da lua nova (para atingir um estado de consciência mais próximo do Divino), mas também são igualmente importantes a caridade, as orações, e a meditação. Desde a alvorada até ao anoitecer, são proibidas a bebida, comida, tabaco, e relações sexuais, mas também é incentivada a obediência aos preceitos da fé islâmica, através da contenção da ira, inveja, ganância, luxúria, respostas sarcásticas, traição e boatos. Deve ser evitado tudo o que possa representar obscenidade ou heresia, mantendo a pureza dos pensamentos e acções.
A história “Ramadan” de Neil Gaiman foi publicada pela primeira vez em Junho de 1993, e imediatamente alcançou um tremendo sucesso entre crítica e leitores, tendo vendido mais de 250.000 cópias, um feito inédito para a série “Sandman” até à data. Ainda hoje é considerada como a favorita por muitos fãs. A história, soberbamente ilustrada pela pena elegante de P. Craig Russell, é contada numa perfeita tradição árabe, e gira à volta do dilema de um califa de Bagdad que acredita-se realmente ter existido: Haroun Al-Raschid.
Desde que comecei os posts “O porquê das coisas” que tive intenção de colocar uma adaptação escrita de uma história do Sandman, mas foi difícil seleccionar aquela que melhor se encaixaria na transposição de um media que mistura texto e arte na narração de uma história, para outro que apenas envolve texto e a imaginação do leitor. A história “Ramadan” é uma das minhas favoritas (embora o “Dream of a Thousand Cats” seja aquela que mais acarinho), e tem a particularidade de ter nascido como um conto.
Para melhor alcançar o estilo arábico de contar histórias, na tradição da “Mil e Uma Noites”, Neil Gaiman optou, em “Ramadan”, por começar o argumento em texto corrido na forma de um conto, planeando posteriormente dividi-lo em painéis, páginas, e balões de diálogo. Felizmente, num daqueles acasos do destino, algum tempo mais tarde telefonou ao artista que iria ilustrar a história para lhe dar os contornos gerais do trabalho. P. Craig Russell pediu para ver o que ele tinha escrito até à data, ao que Neil Gaiman acedeu (dizem que é uma pessoa extraordinariamente gentil), e imediatamente após ler o texto implorou-lhe que não alterasse nada, deixando-o ilustrar a história à sua vontade.
O resultado é uma poderosa combinação de texto visualmente poético, com uma sublime interpretação artística a nível dos desenhos e cores, e a maneira como a história foi construída facilita bastante a adaptação para o formato de conto. Aliás, trata-se mais de uma tradução literal do que propriamente uma adaptação, uma vez que só deixei que a minha fraca veia literária interviesse quando era necessário descrever alguns painéis que na BD falam por si, sem necessidade de palavras. Pelo que a história que publicarei a partir de amanhã é uma tradução levemente adaptada de uma história da autoria de Neil Gaiman, e quando o texto vos parecer mais fraquinho será decerto nas partes onde a minha pena deixou a sua marca.
A tradução foi mais demorada do que previa, e ao mesmo tempo a minha vida entrou numa espiral de stress, pelo que o blog esteve uns tempos semi-abandonado, mas tudo isto terminou, e podem contar com textos meus em breve. Uma vez que o texto completo de “Ramadan” tem mais de 18 páginas, optei por dividi-lo em partes, que publicarei ao longo desta semana. Desta forma não canso os meus pacientes leitores e leitoras. Se porventura houver alguém mais curioso e que prefira ler tudo de uma vez, vou colocar online um ficheiro PDF com o texto completo e algumas ilustrações de P. Craig Russell, para que possam apreciar a beleza do traço deste senhor.
Para terminar, volto a referir que a história que se segue não é da minha autoria, mas sim de Neil Gaiman, reservando-se todos os direitos de autor. Se a empresa detentora dos direitos de publicação do “Sandman” (em Portugal julgo ser a Devir) não pretender ver este texto publicado, basta entrar em contacto comigo através do mail do Blog, e imediatamente retirarei os posts. Se quiserem ler o original, basta efectuarem a compra aqui.
E agora, sem mais delongas, apresento-vos “Ramadan”. Espero que gostem.
Boa noite, e bons sonhos.
1 comentário:
Não há mal nenhum que venha de conhecer outras culturas, outros povos e outros hábitos.
Desde que o fanatismo não se entranhe na pele, qualquer crença é sábia e pode ser seguida pelo mais comum mortal.
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