quarta-feira, agosto 23, 2006

Números redondos


Nem de propósito, a Etta James está neste momento a cantar o "At last". A Etta está estapafurdiamente estupefacta, e eu também. 1.000 visitas, número redondo, que bem que fica no contador.

Não me digam que é uma vaidade fútil, que eu sei que é. Nem vale a pena dizer que a maior parte das visitas provenieram de pesquisas no Google sobre a Merche Romero e o Cristiano Ronaldo (para que é que eu fui escrever o post do 24 horas?) ou sobre o Keanu e a Sandra (e eu que bati tanto no filme), ou outras tantas pesquisas diversas que trouxeram os intrépidos a este espaço, onde ficaram exactamente 0 segundos, assim mesmo, em números redondos. E se pensar bem, já que falamos em zeros, a maior parte das visitas foi esse mesmo o tempo que ficaram; as outras ficaram mais, e agradeço-vos a paciência com que vão acompanhando os meus sonhos, mesmo quando falo de assuntos tão díspares como jogos antigos de computador ou títulos possíveis de jornais.

(A titulo de curiosidade, algumas pesquisas absurdas que encaminharam cibernautas para aqui: amor matemática, engenho brum brum – não perguntem -, frases para pai falecido, gémeas esteves cardoso nuas, keanu reeves nu (suspiro), jogo de passengers, - e a jóia da coroa - estrias da merche romero).

De permeio, temos 41 posts com carradas astronómicas de texto (que bem repartido dava para pelo menos o dobro de actualizações), um computador decrépito e periclitante como a versão informática de um citröen dois cavalos de 1972 que acabou de dar a volta ao mundo, e as pessoas. As pessoas são o mais importante. Não trazia grandes expectativas quando comecei este blog, foi a minha segunda musa profissional que me sugeriu pela primeira vez a ideia (se bem que já a trazia em lume brando há algum tempo), mas sabia pela anterior experiência nos fóruns que há muitas pessoas interessantes por aí. Ufffff.

A Lusce disse-me, há cerca de dois meses, que devia refrear a quantidade de texto escrito, para não esgotar a pachorra de quem me lê. Reconheço-lhe o bom senso – que não tenho – porque é mesmo difícil ler um texto comprido no monitor, e tentei de certa forma não alongar-me demasiado em trivialidades. Mas é difícil. Um amigo disse que reconhece padrões quando lê o blog, que as conversas comigo são parecidas, tento encaixar muita coisa, demasiada parra, absurdo esmiuçar de assuntos, dispersão miserável, falar falar falar. E eu que até sou tímido ao primeiro contacto…

A Marycarmen (obrigado pelo livro) a quem ofereci recentemente um dos meus volumes do Sandman, reclamou do fundo deprimente do blog, pois dava uma ideia triste deste humilde escriba, e aconselhou-me a colocar um saudável texto branco com letras pretas. Compreendo que facilite a leitura, mas depois como poderia ter escrito o “I see your face before me”? Só se a cegueira descrita fosse como a do Saramago, um oceano de leite sobre a vista. Prometo que inverto as cores quando fizer anos, em Novembro, mas só por um dia. Este blog é nocturno, em consonância com o tema, ainda que sonhemos em qualquer ocasião, e agrada-me esta estética de escuridão.

Lá estou eu a desviar-me do fundamental, outra vez. Pessoas. Conheci virtualmente algumas pessoas através deste espaço, e alarguei os horizontes da mente e do coração, com este conhecimento. Foi pelo “Passengers” que embarquei na descoberta de outros blogs, que visito com frequência, e nunca me canso de ler. Ler pessoas. Como poderia saber que existiam, de outra forma? Teria uma vida mais pobre, indubitavelmente, se não me tivesse atrevido a criar este “monstro” negro que me atazana constantemente com a lembrança de novos posts para escrever. E se comecei o blog por mim, devo dizer que agora, é por mim e por todos os passageiros que por aqui viajam que continuo.

Ando a arrastar há meses a escrita de uns contos, que incluirei aqui em tempo devido. Aliás, vou terminar agora o post para poder voltar à cidade onde as obras de arte enlouqueceram (ver “Teaser” para um vislumbre inicial da história). Mas faltam ainda umas últimas palavras:

O visitante 1.000 do meu blog foi alguém da minha família, se a localização do computador que o contador informa está correcta. Terá sido a minha irmã, ou as minhas sobrinhas? Mil beijos para todas elas, com todo o meu amor.

E boa noite e bons sonhos, para todos vós.

5 comentários:

Flávio disse...

Acho que o sucesso do Passengers se deve sobretudo à sua qualidade literária - nao és o único bloguista que escreve bem, mas o teu blogue é talvez o único que é verdadeiramente literário no sentido barthesiano do termo (experimentacao da linguagem, prazer da palavra, etc)

Anónimo disse...

http://www.continente.pt

Concurso Literário

Patrícia disse...

Naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaão!!!!!!!!!!!!! Não escreves menos, por favor!!!!!!!!!

Please? :)

Beijo

Patrícia disse...

ups...
Acima, leia-se "não escrevas menos".

Sandman disse...

Não conhecia o termo, Flávio, nem Barthes, mas reconheço que gosto realmente de experimentação. E que me dá muito gozo abordar textos, conceitos, até palavras, de uma maneira diferente, fora de lugares comuns.

Isto pode parecer paradoxal para quem iniciou o primeiro post a afirmar que detestava escrever, mas na verdade também adoro. Detesto e adoro e não consigo deixar de o fazer e não vou deixar de o fazer. Há sempre algo de novo para dizer, e formas novas de o fazer.

Pelo que, Patrícia (mudança subtil de interlocutor :), ainda haverá muito para ler. E não pares tu de escrever também (esta é para os dois interlocutores), porque vocês enriquecem as minhas navegações.

:)