quarta-feira, maio 24, 2006

Ler, e depois ver


VERTICALIDADES

Andei muito tempo perdido, antes de me sentir só
Mercador, falido, vendi-me nos sonhos de Bagdad
Ouvi pregões de vendilhões, recitei poemas que não li
Rocei fugaz as nuvens, escapei, como um pássaro

É difícil voar, quando perdemos o pé

Tantas vezes finjo amar, com o coração em déficit
Um dia esgoto-me, enviesado, esqueço tudo, e vou
Desmantelar poemas, qual dandy em roupagem tweed
Organizar palavras, verticais, opostas, em contradição

O significado é quase sempre oculto

Quantos reflexos vês?¿sêv soxelfer sotnauq
Um pouco de ti existe em tudo o que sou
E um sentimento paradoxal do que se sente

Transporta-me para regiões, pesadelos surrealistas
E por detrás das palavras, camuflo tudo o que vivi
Namoro criptografias, esconjuro as dores with pain
Hei-de continuar a iludir, pois amar é um triste ballet

Os que dançam no palco, sós, têm o espírito vendado


Não escrevo poemas com muita frequência. Simplesmente não me voam para aí as palavras, e claro que uma saudável dose de poesia adolescente - lamecha, amargurada, e fatalista, como se pede - também desenvolveu os seus anticorpos.

Acontece que estou a escrever um texto sobre o amor e amores (para breve, para breve, maldita musa!), pelo que achei ser a modos que apropriado terminá-lo com um poema. Mas não qualquer poema.

Leia, e depois veja.

2 comentários:

Sérginho disse...

Podes sempre aparecer nas Noites de Poesia do Púcaros, quartas à noite. Aprenderás muito e podes dar asas aos teus textos e poemas. És benvindo...

Anónimo disse...

Quero ver esses textos :)

Lusce