VERTICALIDADES
Andei muito tempo perdido, antes de me sentir só
Mercador, falido, vendi-me nos sonhos de Bagdad
Ouvi pregões de vendilhões, recitei poemas que não li
Rocei fugaz as nuvens, escapei, como um pássaro
É difícil voar, quando perdemos o pé
Tantas vezes finjo amar, com o coração em déficit
Um dia esgoto-me, enviesado, esqueço tudo, e vou
Desmantelar poemas, qual dandy em roupagem tweed
Organizar palavras, verticais, opostas, em contradição
O significado é quase sempre oculto
Quantos reflexos vês?¿sêv soxelfer sotnauq
Um pouco de ti existe em tudo o que sou
E um sentimento paradoxal do que se sente
Transporta-me para regiões, pesadelos surrealistas
E por detrás das palavras, camuflo tudo o que vivi
Namoro criptografias, esconjuro as dores with pain
Hei-de continuar a iludir, pois amar é um triste ballet
Os que dançam no palco, sós, têm o espírito vendado
Não escrevo poemas com muita frequência. Simplesmente não me voam para aí as palavras, e claro que uma saudável dose de poesia adolescente - lamecha, amargurada, e fatalista, como se pede - também desenvolveu os seus anticorpos.
Acontece que estou a escrever um texto sobre o amor e amores (para breve, para breve, maldita musa!), pelo que achei ser a modos que apropriado terminá-lo com um poema. Mas não qualquer poema.
Leia, e depois veja.
2 comentários:
Podes sempre aparecer nas Noites de Poesia do Púcaros, quartas à noite. Aprenderás muito e podes dar asas aos teus textos e poemas. És benvindo...
Quero ver esses textos :)
Lusce
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